Revolucionários de Café...

Quem acompanha futebol (não é propriamente o caso do futebol) conhece bem a expressão "Treinador de Bancada"! Quem acompanha futebol sabe o que é opinar, criticar, desdizer, maldizer, contradizer o trabalho feito por quem não mostra resultados, ou simplesmente sabe ser venenoso quando existem resultados que não escondem pequenas e pessoais inimizades...

O Treinador de Bancada tudo sabe. Tem todas as tácticas, técnicas e fórmulas. Tem tudo na sua mão menos uma coisa, o poder para fazer as mudanças que apregoa. E o Treinador de Bancada fica feliz por não ter esse poder! Ora o Revolucionário de Café, figurinha muito querida da lusa gente, é algo semelhante ao seu primo Treinador de Bancada.

O Revolucionário de Café é um crítico da elite governativa; das suas acções; das suas decisões; das suas caras. O Revolucionário de Café é um agente de mudança (passiva claro!) que sabe como trilhar o rumo certo e que estranha a incapacidade de Eles, os políticos (amalgamados numa única entidade, espécie de Hidra de mil cabeças), não conhecerem o caminho.

O Revolucionário de Café é uma espécie de farol do Amanhã Prometido. Tende a adorar o som das suas palavras; a falar alto, exaltado, com exuberância. Tende a exagerar no tom e no estilo da sua prosa, pois que seguindo a sageza dos seus conselhos o País pode andar para a frente, pois que existe um caminho que o Revolucionário de Café conhece e, não raras vezes, partilha com os seus convivas.

Mas esse mesmo Revolucionário de Café é um cobarde de primeira linha; que na Hora R (de Revolucionar entenda-se) se eclipsa com desculpas fraquinhas. O Revolucionário de Café adora apregoar acção e mudança, mas teme fazer essa acção e essa mudança porque isso implica deixar de apontar o dedo, para passar a ser apontado. Conforta-se com o "sim senhor, tem razão", mas teme o "vamos lá fazer qualquer coisa pelo país!"

O Revolucionário de Café é como um parasita que se alimenta das tentativas dos outros (dos tais Políticos fundidos magicamente num único ser), pois que sabe não ser capaz de tentar por ele mesmo. O Revolucionário de Café ilude, ilude, ilude e no final só desilude. É o primeiro a não se manifestar, a não levantar a voz, a não votar, a não lutar e, tristeza pateta, é o primeiro a não saber...

O Revolucionário de Café é o que diz "Vão sem mim que eu vou lá ter", como bem cantam os Deolinda na música Movimento Associativo Perpétuo. Mas não vai! Ele fica em casa, por não perceber na verdade o que Eles fazem, como fazem e porque fazem. Ele fica para trás por viver fechado na redoma de estereótipos e de preconceitos que o impedem de ver que o erro antes de ser Deles é o Dele.

Quando extinguirmos o Revolucionário de Café e deixar-mos o Revolucionário do Ladrilho sair às ruas talvez muita coisa mude... Até lá avizinham-se muitos "treinos de bancada" e poucos jogos para o Campeonato-Das-Coisas-Que-Importam...

O Fidalgo volta logo, logo... Vou só ao Café!


Comments